excelente artigo da página web www.espiritualidadmaya.org
A palavra Junab Ku vem do Maia Yucateco (ou Peninsular) e é formada pelas palavras: Jun = Uno, Ab = Só e K’uh = Deus; Hunabkú ou Junab Ku é por tanto, uma palavra criada pelos frades Franciscanos que chegaram a Yucatán para evangelizar e completar a conquista da Península, pela via espiritual.
Esta palavra inventada e quem sabe adaptada pelos missionários, foi usada principalmente para passar a idéia de seu Deus único, onipotente e Cristão. Esta palavra é encontrada apenas em referências. Agora, Hunab Ku como deidade, foi descrita apenas em duas fontes coloniais: O Dicionário de Motul e no Chilam Balam de Chumayel, mas não tem sido até o momento, encontrada nenhuma referencia pré-colombiana. Não é demais dizer que está ausente dos textos Maias, como o Ritual dos Bacabes ou o Popol Vuj.
Este fato, tem induzido os acadêmicos a pensar que a menção a Hunab Ku e sua concepção como deidade suprema (“ único Deus vivo e verdadeiro”), foi propiciada por interesse da cristandade, uma vez que os missionários encarregados da evangelização dos Maias na Península de Yucatán, quiseram criar uma transição entre as supostas crenças politeístas dos Maias e o monoteísmo Cristão que eles propagavam
Este conceito está totalmente ausente dos textos hieroglíficos pré-hispânicos, onde NÃO há NENHUMA menção à palavra Hunab Ku (como percebem, conservo a ortografia colonial por suas associações aos conceitos de domínio intelectual).
Hunab Ku entrou no vocabulário dos movimentos milenaristas de 2012, como a leitura de um suposto “Glifo Maia antigo”, uma espécie de “Yin-Yang” dos Maias. O professor John Hoopesha tem rastreado este motivo usado pelos movimentos de 2012 através da história e, aparentemente foram os frades espanhóis que introduziram estes desenhos aos tecelões do sudoeste dos Estados Unidos, à partir do México. O desenho aparece primeiramente no Códice Magliabechiano, um manuscrito do centro do México (provavelmente Azteca), do final do século XVI, e parece ter estado associado a um festival mexicano dos “Bezotes” (ornamentos que eram usados em uma fenda feita no lábio inferior). As copias deste códice, realizados por Zélia Nuttal, proporcionaram modelos para os artistas mexicanos modernos e foi em uma loja de tecidos de Oaxaca que José Argüelles (o criador dos movimentos do 2012) se apropriou a primeira vez deste símbolo. Como vemos, o famoso símbolo de Hunab Kú não tem nada a ver com algum Deus e nem com os Maias.
Sobre Hunab Ku, o Dr. Hoopes diz: “Em outras palavras, os missionários católicos do México colonial, estavam tentando usar o conceito de “Hunab Ku” (que bem podem ter inventado) para referir-se ao “único Deus verdadeiro...”. É um pouco irônico que este conceito, uma ferramenta usada pelos ideologistas cristãos, que tentavam destruir a cultura Maia tradicional, tenha sido adotado por outros que agora pretendem “descobrí-la e celebrá-la”.
Recentemente com o advento e popularização das crenças como o Maianismo ou as da Nova Era, desde há algumas décadas, Hunab Ku tem se popularizado e sido colocado como deidade protagônica do panteão Maia. Mas como mencionado anteriormente, não tem sido reconhecido em nenhuma fonte de escritura Maia pré-hispânica e não é um termo utilizado na Guatemala, onde ainda se pratica a Espiritualidade Maia.
HUNAB KU NAS CRENÇAS DA NOVA ERA
As crenças sobre Hunb Ku, reiteradas por autores da denominada Nova Era, provêm da obra do antropólogo mexicano Domingo Martínez Parédez (1904-1984), que realizou uma interpretação do conceito em 1953 e ampliou sua explicação um um livro posterior: Hunab Ku: Síntese do pensamento filosófico Maia (1964). Em seus livros, Martínez argumentou o conceito de que Hunab Ku demonstrava o monoteísmo dos Maias e sugeriu que estava representado pelo símbolo de um quadrado dentro de um círculo, este representando a noção de movimento e o quadrado a idéia de medida. Martínez relacionou Hunab Ku aos símbolos da franco maçonaria, muito particularmente com a idéia do “Grande Arquiteto do Universo” e do compasso com os esquadros maçons.
Foi Martínez quem vinculou Hunab Ku com a expressão Maia “In Lak’ech”, que significa “És meu outro Eu”, e que além disso, não é utilizado pelos Maias Yucatecos e nem os clássicos. Mesmo estando na língua, pode-se afirmar que isto também é uma invenção.
As idéias de Martínez foram popularizadas muito mais tarde por Hunbatz Men (um pseudônimo de César Mena Toto), crente maianista (não confundir com maista), por José Argüelles e por outros autores contemporâneos sintonizados à mesma corrente de pensamento.
O SÍMBOLO USADO PARA HUNAB KU
Argüelles popularizou a Hunab Ku em seu livro de 1987: O Fator Maia. Entretanto, aos invés de utilizar o símbolo de Martínez, usou outro símbolo estilizado, tomado possivelmente do Códice Magliabecchiano, copiado e reproduzido por Zélia Nuttall em 1903, e que está baseado em um manuscrito colonial de origem mexicana (não Maia), da região central do México. A estilização feita por Argüelles, sem sustentação arqueológica, evoca os motivos de Yin-Yang ou de uma galáxia em espiral. Este símbolo tem sido adotado pela corrente maianista e tem se difundido tanto, que se encontra atualmente em desenhos de tapetes de artesãos da região central do México.
Apesar das afirmações de Argüelles e ainda de Martínez Parédez, não há nenhuma evidência arqueológica de origem Maia Pré-colombiana para documentar algum símbolo relacionado com Hunab Ku.
" Es importante saber el origen de las cosas. José Argüelles no llegó a conocer el trabajo REAL de la cultura maya tal y como se vive en Guatemala. No convivió en las aldeas hasta donde yo sepa. El Consejo de Ancianos Mayas, Tat Juan Camajá o Don Otto Orellana y muchos otros de sus miembros no han sabido del trabajo que hizo José Argüelles. No se trata de pelearse con nadie, desmerecer o criticar destructivamente. Se trata de que todos sepamos que es maya y que no lo es. Si el Calendario de las Trece Lunas elaborado por José Argüelles es útil o no para la evolución individual o colectiva le corresponde a cada uno saberlo. Ante todo debemos cimentarnos en el respeto a la vivencia de todos aquellos que optaron u optan por ese camino. SIn embargo, desde ese profundo respeto a la diversidad de senderos, en esta páginas buscamos caminar junto a un calendario conservado durante milenios en Guatemala por toda una cultura y sus gentes." Juan Carlos Romera Sales
Tradução Leslie Almeida
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