quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SÍTIOS SAGRADOS MAIAS: KAMINALJUYÚ (Colina do Morto)


Este Altar Sagrado está situado dentro da Cidade da Guatemala. Na paisagem que o rodeia, destacam-se ao longe os vulcões e as montanhas. Foi a primeira cidade do Altiplano Maia (aproximadamente em 800 a.C.) e a de maiores dimensões naquela região.
Todos os dias realizam-se cerimônias do Fogo Sagrado em Kaminaljuyú. É um excelente ponto para entrar em contato com a raiz da memória ancestral. Particularmente, sempre senti que ali há uma intensa presença da Avó e Avô Kamê. Na imagem, vemos uma reprodução daquilo que pode ter sido este Altar Sagrado naquele tempo.

O SER HUMANO ORIGINAL: “As primeiras Avós e os primeiros Avôs”



“E quando a criação deu seu fruto.
Apareceram os humanos...
Eram pessoas muito boas...
Receberam a respiração
E podiam ver;
...conseguiram conhecer tudo o que havia debaixo do Céu.
Quando olhavam, instantaneamente observavam e
contemplavam a abóbada Celeste
A face da Terra
Nada os obstruía..."

Popol Wuj

domingo, 23 de dezembro de 2012

É o primeiro B’ak’tun de uma “Nova Era” ou o 14 B’ak’tun?



Para os antigos Maias, isto é, para aqueles do período chamado “Clássico” (de 320 a 987 d.C.), de quem se sabe terem utilizado em profusão a conta dos B’ak’tun, este período longo que culminou em 21 de dezembro de 2012, poderia ter sido continuado. Quer dizer, a conta dos B’ak’tun poderia ser seguida por vintenas. Assim, vinte B’ak’tun formamum Pik’tun e inclusive por períodos muito mais longos. Há restos arqueológicos onde este conceito está claramente expressado.
Acabamos de concluir o 13 B’ak’tun e à partir de agora, inicia-se um novo, e, segundo esses princípios, trata-se do 14, que não estará completo, senão daqui a 144.000 dias. Daí virão o 15, o 16... até completar um Pik’tun.
Mas também poderíamos considerar que agora se encerra um 13 B’ak’tun para dar início a outro. O 13 B’ak’tun é um período muito concreto e especial para o pensamento Maia antigo, tal como demonstrado em recentes pesquisas arqueológicas. Não é de se estranhar que o 13 B’ak’tun tenha essa importância, uma vez que tem características muito particulares (como de condensar exatos 7.200 Cholq’ijab’ ou 260 K’atun). Sua sacralidade dentro da Cosmovisão Maia é óbvia.
Visto isto, podemos dizer que na conta do tempo Maia, tudo depende do ponto de vista de onde partimos. Nos dirigimos a cumprir em um futuro “distante”, um Pik’tun. Ao mesmo tempo, estamos iniciando um novo ciclo Oxlajuj B’ak’tun. Não há contradição.
Há outro ponto importante a ser considerado. Esta maneira especial de “contar o tempo”, está sendo recuperada graças ao esforço de arqueólogos e outros estudiosos. Isto tem muito mérito e deve ser agradecido. Agora bem, cabe ao povo Maia e àqueles que se interessam de verdade por esta visão do Cósmos, entender e restaurar o fundo espiritual daquilo que a ciência tem recuperado durante o último século. Disso parte a importância de que toda pesquisa sobre este tema, seja de ordem multidisciplinar e inclusiva, isto é, ciência e espiritualidade devem reunir-se em nossos esforços para recuperar uma herança que será útil, não somente para seus legítimos herdeiros, como também a todos aqueles que queiram aproximar-se desta fascinante ciência espiritual.

texto Juan Carlos Romera Sales
tradução Leslie Almeida

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

REFLEXÕES SOBRE COMO DESPEDIR-SE DO 13 B’AK’TUN E RECEBER O NOVO SOL

Quando anoitecer no dia de hoje e o Avô Sol seguir sua travessia pelo inframundo até alcançar o Nadir (ponto contrário ao Zênite), terá sido completado o Oxlajuj B’ak’tun. Entre a diversidade de opiniões à respeito do início e término de um dia do Sagrado Calendário, está aquela sustentada por muitos Maias de Guatemala e México, na qual se considera a meia-noite verdadeira, como o ponto crítico entre o fim e o princípio de um novo Q’IJ.
Mas, voltando ao Oxlajuj B’ak’tun: o que acontecerá no 21 de dezembro (amanhã) não é o princípio de um novo ciclo e sim seu ASSENTAMENTO. Isto é, sobre o Nahual 4 Ajpu’ ou energia espiritual que sustenta tal período, é construído um novo TUN de 360 dias, um novo K’ATUN de 7.200 dias e um novo B’AK’TUN DE 144.000 dias.
É um momento de transição que se explica desde o conceito Maia de “zero”: um princípio potencial semelhante a uma flor, da qual vem um fruto, uma semente e uma árvore. Hoje completamos o 13 B’ak’tun. Amanhã haverá um nascimento, uma flor, um silêncio espiritual onde tudo é repensado pelo Coração do Céu-Coração da Terra, desde o profundo, desde sua calma invisível de pura consciência e vida. Este “repensar” colocará (ou já colocou, uma vez que estamos falando de níveis transcendentes de onde o “tempo” não é expressado ainda) as bases de construção de tudo que há de surgir posteriormente.
O fruto é o TUN, a semente o K’ATUN e a árvore referida o 14 B’AK’TUN, que será concluído em 144.000 dias. Como pode ser percebido, não acaba aqui a conta dos B’AK’TUN. Não entramos, como dizem algumas pessoas, ao 0 B’AK’TUN. É uma falácia que não se sustenta nas bases da Cosmovisão Maia, na estrutura de fundo, antes mencionada. Pois como atestam os registros arqueológicos, para os Maias antigos, os criadores deste conceito de tempo, a conta dos B’AK’TUN deve chegar a completar um PIKTUN, isto é, 20 períodos B’AK’TUN.
Não obstante, isto não minimiza a importância para a implementação do 13 B’AK’TUN que se encerra hoje, o qual por sua estrutura interna é um Cholq’ij composto de 260 K’ATUN. Além disso, sua importância não é histórica, arqueológica ou folclórica, muito menos turística ou uma desculpa para um bem pago espetáculo. Sua importância é ESPIRITUAL. Por tanto, o dia de hoje, dia de fechamento de um longo período, terá evidentes efeitos na vida pessoal e coletiva. Hoje se integra o Oxlajuj B’ak’tun à humanidade tal e como se constata nos acontecimentos que estão ocorrendo nestes tempos convulsivos e que se estenderão a todas as luzes e datas vindouras.
Não importa a negação de pesquisadores ou céticos, suas campanhas de desprestígio ou o mal entendidos propagados pelos sensacionalistas, que infundem temor e bloqueiam o interesse de muitos pesquisadores sérios por esta verdadeira ciência espiritual. Há uma matemática oculta nas contas calendáricas Maias, que liga o invisível ao visível, e isto se vive, se experimenta nas comunidades, é de experiência comum para muitos seres humanos nestes dias.
Para aquelas e aqueles que sintam o chamado deste momento e que tenham a consciência aberta à experiência do intangível, deverão saber que estes dois dias SIM são de grande importância para suas vidas. Será para todo o mundo, mas alguns aproveitarão conscientemente e os demais, que de igual forma, nunca estiveram desligados do tempo, carregarão seus efeitos, tal e qual como lhes é próprio em seus processos evolutivos particulares.
Hoje devemos despedir-nos daquilo que há minado nossas vidas, da inconsciência e dos condicionamentos que aprisionam o poder de nossas mentes, as quais são altamente criativas. É tempo para deixar para trás o subdesenvolvimento afetivo que nos faz egoístas, intolerantes, desrespeitosos, ingratos e cruéis. É hora de despojar-se do medo de viver com plenitude, com poder total. Hoje morremos àquilo que somos e o fazemos com TOTAL GRATIDÃO a todo este TUN e K’ATUN, ao B’AK’TUN, onde nossos ancestrais têm sofrido e superado inúmeras provas.
Recolhemos e guardamos todo este aprendizado no coração. Pois é da Grande Árvore Ceiba, que é o 13 B’AK’TUN, que sairá a FLOR que receberemos amanhã. E como todas as crianças que largam seus brinquedos para aproximar-se de assuntos mais amplos, assim deixaremos tudo aquilo que já não serve mais em nossas vidas. Que permaneça o melhor, a essência deste grande período: UM INTELECTO CIVILIZADO. Acredito que isto pode ser agradecido. A formação de SUA CULTURA durante séculos de história... isto também. A ciência, a tecnologia, a arte e tantas outras coisas de grande valor são recolhidas e levadas a uma nova aplicação.
E amanhã? Grande dia para meditar. Grande dia para o silêncio e para unir nosso coração ao Coração do Céu-Coração da Terra. É um momento de receber, de abrir-se ao que o Chuc-Ajaw, Mãe e Pai da existência tem refletido para você, para sua família e comunidade. A chave é a receptividade.
Levante-se cedo e espere a saída da Estrela Matutina. Coloque suas oferendas com alegria (pode ser uma vela, uma flor, seu coração e pensamento ou uma grande cerimônia compartilhada com seus amigos ou solitariamente). E, quando o Sol saia no horizonte, abra sua mente e coração a seus raios. Momento de orar... O quê? Abra-se à adoração da VIDA, à origem infinita de seu SER. Agradeça com plenitude de mente e afeto à Grande Avó, que é vibrante na Natureza. Abra-se como nunca, para receber sua bênção. ESSE É O PONTO CRUCIAL: receba SUA BÊNÇÃO QUE MARCARÁ SUA EVOLUÇÃO NOS PRÓXIMOS TUN E K’ATUN. Lembre que o TUN de 360 dias é o fruto da flor 4 Ajpu’. Durante o K’AK’TUN de quase 20 anos, haverá sementes para semear. O B’AK’TUN transformará sua semeadura em árvores ou em bosques, dos quais muitos se beneficiarão.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

PRESTAR ATENÇÃO AO CORPO: AO ALTAR, O PONTO DE ENCONTRO COM O SAGRADO


O que é o mais importante ao qual você deve prestar atenção?
A resposta é clara: A SI MESMO/A

E por onde começar? Comece por sentir o corpo e lembrar que você está dentro de um milagre, no qual centenas de gerações se condensam. Tudo de melhor da evolução humana, está atuando nesse veículo de carne, sangue e ossos.

É no corpo onde mora a Grande Mãe, a que gestou você por nove meses e ainda hoje, nos dá a luz do Sol, o alimento, o ar, a água... tudo que é necessário para existir.

 

É a mesma Grande Mãe ou Avó do Sol, que habita cada pedra, planta e animal. Realiza a digestão por você, realiza seus batimentos cardíacos e formou seu cérebro, com o qual você pensa, imagina e cria seu mundo.

Definitivamente é de bastante importância que você comece a prestar atenção a seu corpo, não como algo “seu”, mas sim como um milagre pelo qual você realiza seu propósito de vida.

É correto prestar atenção ao corpo desde o ponto de vista da saúde física e mEntal, da higiene e inclusive, da estética... mas se você O PERCEBE DESDE O SAGRADO, o resto vem como conseqüência.

Desta maneira, o corpo passará a ser o que realmente é: UM TEMPLO, O ALTAR ONDE ENCONTRAR O PONTO DE ENCAIXE ENTRE O ESPÍRITO E A MATÉRIA, ENTRE SUA ORIGEM E SEU DESTINO.


texto de Juan Carlos 
tradução Leslie Almeida

domingo, 16 de dezembro de 2012

COSMOVISÃO: PRESTAR ATENÇÃO AO CÓSMOS

Prestar atenção ao Aqui e Agora não é algo que interesse a muita gente. O cultivo da ATENÇÃO é no entanto, ESSENCIAL ao caminho do auto-conhecimento. Por quê?

Se você não presta atenção, não poderá PERCEBER a natureza das realidades interna ou externa. Você não terá objetividade. Seguirá acreditando, gerando teorias, hipóteses, fantasias sobre si mesmo e seu mundo. Algumas vezes você acertará e muitas não. Não importa: o fato é que você não CONHECERÁ.

A Cosmovisão Maia é o produto da VISÃO CLARA, TRANSPARENTE das realidades interna e circundante. Deve-se tomar a decisão JÁ. Olhe, escute, palpe e sinta sua carne, sangue e ossos. É a única maneira de conhecer-se e conhecer o “outro” que eu sou.

texto: Juan Carlos Romera Sales
tradução: Leslie Almeida

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

WAJXAQIB B'ATZ'


“No dia Wajxakib’ B’atz’, culmina a formação do novo Ajq’ij que acabou de aprender o significado da saudação aos quatro pontos do Universo... e a entender o que comunicam os dias do calendário.
Seu Tzit’e representa o cargo que lhe é entregue, pelas capacidades e potencialidades de seu Nahual, pelos sinais que teve, pelo pagamento que tem que fazer, por sua energia; assim, inicia seu serviço à comunidade. Assim, começa sua relação com as pessoas que requerem seu serviço, em situações difíceis ou situações de alegria e bem estar.
Neste dia as/os Chuchqajawib’ Mães e Pais (Ajq’ijab’ de maior experiência) retomam novamente seu compromisso de atender a seu Nahual, seu Tz’ite e as pessoas que buscam sua ajuda. Renovam seu compromisso ante os Antepassados, ante as Colinas cerimoniais e ante a/o Chuch-Ajaw.”
Parágrafos do texto "Ri Wajxaqib' B'atz'" de Virginia Ajxup Pelicó e Juan Zapil Xivir.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

SOBRE O 7 T’ZI’ (7 CACHORRO) - VÉSPERA DO NOVO ANO CHOLQ’IJ, QUE INICIA AMANHÃ.


Aqui, algumas reflexões de Viriginia Ajxup Pelicó e Juan Zapil Xivir em sua obra “Ri Wajxaqib’ B’atz”
“ O dia 7 T’zi’(neste ano 11/12) é véspera do Wajxaqib’ B’at’z. Uma das funções do dia T’zi’ é ser secretário dos MAM, é neste dia que se escreve tudo o ocorrido durante as nove lunações que fez parte do processo de afirmação e aprendizado do Novo Ajq’ij. Isto permanece documentado ante a Mãe-Pai da Existência, Chuch-Ajaw, ante os Nan-Tat - os Antepassados e ante as colinas cerimoniais Juyub’-Taq’aj. Neste dia, é quando se adquire o compromisso com o serviço aos que a Ela/Ele acudem. O compromisso é o primeiro passo, dentro do processo, para tornar-se um Ajq’ij - Sacerdote Maia.”
“O/A Mestre Chuch-Ajaw apresenta, na cerimônia deste dia 7 T’zi’, as situações difíceis de superar, como a participação na família, a participação na sociedade e outros aspectos da vida. Tudo é feito antes da meia-noite.”
“Reflexiona-se, dão-se indicações com respeito ao comportamento dentro dos princípios da harmonia, do respeito, do equilíbrio, para superar as grandes dificuldades nos altos e baixos da vida.”

PREPARANDO-NOS PARA O ÚLTIMO WAJXAQIB’ B’ATZ’ DO OXLAJUJ B’AK’TUN

Neste dia nos preparamos para o Wajxaqib’ B’atz’, que é o início do Ano Sagrado Maia de 260 dias – o Cholq’ij. No dia 6 Toj (10/12/12) reconhecemos nossas faltas ou erros e solicitamos a ajuda do Ajaw, dos Ancestrais e do Mundo (Ecossistema/Cosmos) para poder corrigi-las. Que faltas são essas? A principal é esquecer de conhecer-nos, de descobrir o que realmente somos, isto é, SERES espirituais encarnados, sem princípio e nem fim, eternos e com poder criativo ilimitado. É um erro não cultivar nossas faculdades inatas e colocá-las a serviço dos outros. É um erro cair no automatismo do “ego” e seus programas de crenças, que nos reprimem e castram, que condicionam nossa grande inteligência e nos impossibilitam a amar incondicionalmente. É um erro não prestar atenção ao momento presente, a nossa carne, sangue e ossos, ao mundo que habitamos e, perceber dia trás dia da unidade vital que compartilhamos com cada coisa e criatura do Cosmos e da Terra, assim como com o Grande Espírito, do qual somos uma emanação, uma expressão, uma ramificação. É uma falta não treinar o coração para a fraternidade e fomentar mais intensamente o apego ou a aversão, gerando assim, conflitos absurdos entre nossos irmãos e irmãs, entre o humano e o natural. É um erro seguir pendurados aos nossos ideais ou crenças de como deveriam ser o “eu” e o mundo, ao invés de aceitá-lo tal e qual é. É um erro severo não ter tempo para conhecer-nos e descobrir nosso papel natural na família e na coletividade, para dedicá-lo a coisas vãs que reforçam as identificações e apegos. É um erro seguir sendo escravos de um sistema que põe o capital acima do humano e no qual somos programados a servir a uns poucos em detrimento de nossa grande capacidade de SER e FAZER, desde o amor e da inteligência. Definitivamente, é um grande erro saber de todos esses erros e não fazer nada, ou quase nada para corrigi-los, ainda que, sabendo que esta tarefa é A EMPRESA MAIS IMPORTANTE DE NOSSAS VIDAS. Coloco aqui o resumo de um trecho de Virginia Ajxup Pelicó e Juan Zapil Xivir, onde explicam, em sua obra “Ri Wajxaqib’ B’atz’”, algo sobre como se vivencia o dia 6 Toj em Momostenango/Guatemala. “ No dia 6 Toj, a preparação para receber o Wajxaqib’ B’atz’ inicia com abstinência sexual, harmonia e respeito com o entorno natural e social. Realiza-se a primeira cerimônia para pagar todas as vezes que a pessoa esqueceu de realizar suas oferendas nas colinas cerimoniais, ao Chuch–Ajaw, aos antepassados, especialmente pelas cerimônias que deixaram de ser realizadas nos dias 1, 6 e 8. Se houve alguma cerimônia planejada na qual deixou-se de fazer a oferenda, é neste dia que isto é pago para não ficar com dívidas. Neste dia é reposta a cerimônia que não foi cumprida no Nahual indicado. Neste dia reparam-se as falhas com o compromisso adquirido; se não forem reparadas neste dia 6 Toj, serão um mau antecedente na conduta do Ajq’ij – Sacerdote Maia”
texto de Juan Carlos Romera
tradução: Leslie Almeida

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Convite: Cerimônia do Fogo Sagrado, 10/12

  Décimo passo rumo ao novo B'AK'TUN!


 Nesse sagrado dia agradeceremos ao nagual Toj por todo seu trabalho nos últimos 93600 dias, será o último dia Toj desta Era. Agradeceremos pelo sangue que corre em nossas veias, por todo o serviço que tivemos a possibilidade de ofertar. Agradecermos pela grande oferenda do Arquiteto e Formador da Existência, por nosso mundo e nossa vida!

A cerimônia do fogo sagrado é um cerimônia tradicional realizada no mundo maia. Durante a cerimônia honramos e nos conectamos com todas as energias do calendário sagrado (o Choq'ij, usado para o desenvolvimento humano). É um momento de agradecimento, oferendas (você pode trazer suas ervas/ resinas/ incensos ou comprar com a gente no valor de R$ 5,00) e pedidos.

Esse evento é promovido pela Associação Kabawil Brasil.
É necessário que exista uma troca em moeda para participar do evento, o valor cada um escolhe a partir do seu coração e identificação com a Associação.

Traga algo para compartilhar no lanche pós cerimônia e confirme via e-mail sua participação!

Maltyox (gratidão em maia quiché)!

focalizadora: Sandra Rodrigues
10/12 (segunda feira), 6 Toj, 19hrs
Rua Silvia, 173
tel: 3288-5305



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A DEIDADE NO MUNDO MAIA


Os Maias são politeístas? Não. Os Maias são monoteístas? Tampouco. Temos sempre a tendência de aprisionar as outras culturas segundo nossos critérios “ocidentais”. É impressionante, mas até os estudiosos mais afamados e brilhantes caem nessa armadilha com grande facilidade.
Para os Maias de ontem e de hoje, TUDO É SAGRADO. O divino não é um conceito abstrato. Não há um conceito de deidade afastado da realidade física. Está em tudo e através de tudo.
Por isto, sua expressão é múltipla. Porque cada lugar, cada montanha, cada pedacinho de terra, animal, planta, árvore, estrela... é uma manifestação de sua prodigiosa inteligência e poder.
Tudo é um e múltiplo ao mesmo tempo e tudo é visível e invisível simultaneamente. Daí, é que há a possibilidade de falar ou estabelecer comunicação com o Divino de tantas e tantas maneiras. Isto não são fantasias. É constatável.
Todas as formas geradas, umas mais fortes, outras menos, são canais individuais de comunicação com TZ’AQOL B’ITOL... O Criador e Formador, Pai e Mãe da Vida, da existência, doador da respiração, doador do coração... assim reza o Popol Wuj.
Quando um pesquisador que não passou por experiências espirituais, “estuda” culturas como a Maia, dirá que são “animistas” ou falará de “nahualismo” e catalogará o conjunto como “crendices”. Não sabe que a vivência do SAGRADO em TUDO é o que realmente se expressa na espiritualidade Maia. E o SAGRADO em TUDO não pode ser entendido, precisa ser sentido... primeiro no próprio corpo, no próprio sangue e nos ossos. Depois se abrem os olhos, despertam-se os sentidos e se percebe o SAGRADO em TUDO.
texto de Juan Carlos Romera Sales
tradução: Leslie Almeida

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

DANDO ADEUS AO ÚLTIMO TUN DO GRANDE PERÍODO OXLAJUJ B’AK’TUN


Que se elevem as Cerimônias do Fogo Sagrado desde hoje até o final do Grande Ciclo!
O 13 B’ak’tun é composto de 5.200 ciclos, chamados TUN e estes são compostos de 360 dias cada um.
De onde vem o TUN? Ele não é um período astronômico reconhecido, uma vez que sua intenção NUNCA foi a de contar fenômenos materiais isolados. Os pesquisadores que não conhecem a dimensão mística do calendário, que não a VIVENCIAM ou EXPERIMENTAM, nunca poderão entender isso plenamente.

O Calendário Sagrado de 260 dias e sua versão maior, o 13 B’ak’tun, medem a relação Espírito-Matéria em analogia ao período da GESTAÇÃO DE INDIVÍDUOS HUMANOS E A HUMANIDADE INTEIRA. Não se limita relatar sucessos físicos. Relata como o Coração do Céu- Coração da Terra gera a realidade física desde Seu Mistério de pura Consciência-Energia.
O número, a proporção e a medida, são as bases do Sistema Calendárico Maia. O número é ESPIRITUAL, antes que físico, e marca a transição entre a Inteligência do Criador-Formador e sua obra material cósmica e micro-cósmica (Humana = WINAK = Vinte)
O Sistema Calendárico, que é SAGRADO EM SUA TOTALIDADE, mede a evolução da humanidade. Os movimentos em DIAS (unidade básica) que leva a gestação de um bebê, uma geração ou um processo histórico completo, refletem-se neste sistema de cálculo. Mas o que nunca deve ser esquecido, é que estes são MOVIMENTOS GERADOS PELO DIVINO, INSEPARÁVEIS DO DIVINO E MANIFESTAÇÃO DO DIVINO. São projeções de Seu Pensamento e Palavra, plasmados “prodigiosamente” na perfeita unidade Espaço-Tempo. Pois, para o sentir Maia, não há separação entre espaço, o tempo e o movimento da energia-matéria.
Por este motivo, o TUN de 360 dias não tem relação direta com fenômenos astronômicos concretos. É um instrumento de medida da evolução humana. De qualquer maneira, não são os astros que definem o TUN... o TUN, que é uma medida ESPIRITUAL, simplesmente define o número de ciclos de dias (fenômeno astronômico solar) necessários para dar um passo evolutivo como humanidade.
Há que diz que o TUN é um ano solar mal contado. Continua existindo a noção equivocada que nossos ancestrais, em todos os cantos do planeta, eram mais tolos que nós. Que cada um constate a realidade na medida de sua atenção à própria existência, de modo a perceber seu nível de escravidão ou de liberdade.
Vamos ao ponto: em um B’ak’tun há 1.872.000 dias. Dividindo essa cifra por 20 (20=WINAK=MEDIDA HUMANA) temos 93.000 dias. Em um 13 B’ak’tun há 93.600 repetições de um mesmo Nahual-Q’ij ou Unidade de Tempo-Espaço-Movimento. Quer dizer... há 93.600 Ajpu’, 93.600 Imox, 93.600 Iq’... etc. Quantos ciclos completos Cholq’ij-Tzolkin de 260 dias há em 93.000 dias? 360 Cholq’ij.
360 é o número de dias do TUN. A ressonância numérica é a chave do Sistema Calendárico Maia. Cada TUN (Pedra) semeia os seguintes 360 Cholq’ij. Em outras palavras: TUDO O QUE VOCÊ PENSA, DIZ OU FAZ DURANTE UM CICLO TUN, AFETARÁ SUA LINHAGEM FAMILIAR, COMUNIDADE OU CULTURA POR RESSONÂNCIA DURANTE 260 PERÍODOS CHOLQ’IJ, ISTO É, 13 KATUN, en termos ocidentais: 256 anos.

Juan Carlos Romera Sales
tradução: Leslie Almeida

domingo, 2 de dezembro de 2012

CRITICAS AO TERMO JUNAB KU E AO SÍMBOLO USADO POR JOSÉ ARGÜELLES...


excelente artigo da página web www.espiritualidadmaya.org


A palavra Junab Ku vem do Maia Yucateco (ou Peninsular) e é formada pelas palavras: Jun = Uno, Ab = Só e K’uh = Deus; Hunabkú ou Junab Ku é por tanto, uma palavra criada pelos frades Franciscanos que chegaram a Yucatán para evangelizar e completar a conquista da Península, pela via espiritual.
Esta palavra inventada e quem sabe adaptada pelos missionários, foi usada principalmente para passar a idéia de seu Deus único, onipotente e Cristão. Esta palavra é encontrada apenas em referências. Agora, Hunab Ku como deidade, foi descrita apenas em duas fontes coloniais: O Dicionário de Motul e no Chilam Balam de Chumayel, mas não tem sido até o momento, encontrada nenhuma referencia pré-colombiana. Não é demais dizer que está ausente dos textos Maias, como o Ritual dos Bacabes ou o Popol Vuj.
Este fato, tem induzido os acadêmicos a pensar que a menção a Hunab Ku e sua concepção como deidade suprema (“ único Deus vivo e verdadeiro”), foi propiciada por interesse da cristandade, uma vez que os missionários encarregados da evangelização dos Maias na Península de Yucatán, quiseram criar uma transição entre as supostas crenças politeístas dos Maias e o monoteísmo Cristão que eles propagavam
Este conceito está totalmente ausente dos textos hieroglíficos pré-hispânicos, onde NÃO há NENHUMA menção à palavra Hunab Ku (como percebem, conservo a ortografia colonial por suas associações aos conceitos de domínio intelectual).
Hunab Ku entrou no vocabulário dos movimentos milenaristas de 2012, como a leitura de um suposto “Glifo Maia antigo”, uma espécie de “Yin-Yang” dos Maias. O professor John Hoopesha tem rastreado este motivo usado pelos movimentos de 2012 através da história e, aparentemente foram os frades espanhóis que introduziram estes desenhos aos tecelões do sudoeste dos Estados Unidos, à partir do México. O desenho aparece primeiramente no Códice Magliabechiano, um manuscrito do centro do México (provavelmente Azteca), do final do século XVI, e parece ter estado associado a um festival mexicano dos “Bezotes” (ornamentos que eram usados em uma fenda feita no lábio inferior). As copias deste códice, realizados por Zélia Nuttal, proporcionaram modelos para os artistas mexicanos modernos e foi em uma loja de tecidos de Oaxaca que José Argüelles (o criador dos movimentos do 2012) se apropriou a primeira vez deste símbolo. Como vemos, o famoso símbolo de Hunab Kú não tem nada a ver com algum Deus e nem com os Maias.
Sobre Hunab Ku, o Dr. Hoopes diz: “Em outras palavras, os missionários católicos do México colonial, estavam tentando usar o conceito de “Hunab Ku” (que bem podem ter inventado) para referir-se ao “único Deus verdadeiro...”. É um pouco irônico que este conceito, uma ferramenta usada pelos ideologistas cristãos, que tentavam destruir a cultura Maia tradicional, tenha sido adotado por outros que agora pretendem “descobrí-la e celebrá-la”.
Recentemente com o advento e popularização das crenças como o Maianismo ou as da Nova Era, desde há algumas décadas, Hunab Ku tem se popularizado e sido colocado como deidade protagônica do panteão Maia. Mas como mencionado anteriormente, não tem sido reconhecido em nenhuma fonte de escritura Maia pré-hispânica e não é um termo utilizado na Guatemala, onde ainda se pratica a Espiritualidade Maia.
HUNAB KU NAS CRENÇAS DA NOVA ERA
As crenças sobre Hunb Ku, reiteradas por autores da denominada Nova Era, provêm da obra do antropólogo mexicano Domingo Martínez Parédez (1904-1984), que realizou uma interpretação do conceito em 1953 e ampliou sua explicação um um livro posterior: Hunab Ku: Síntese do pensamento filosófico Maia (1964). Em seus livros, Martínez argumentou o conceito de que Hunab Ku demonstrava o monoteísmo dos Maias e sugeriu que estava representado pelo símbolo de um quadrado dentro de um círculo, este representando a noção de movimento e o quadrado a idéia de medida. Martínez relacionou Hunab Ku aos símbolos da franco maçonaria, muito particularmente com a idéia do “Grande Arquiteto do Universo” e do compasso com os esquadros maçons.
Foi Martínez quem vinculou Hunab Ku com a expressão Maia “In Lak’ech”, que significa “És meu outro Eu”, e que além disso, não é utilizado pelos Maias Yucatecos e nem os clássicos. Mesmo estando na língua, pode-se afirmar que isto também é uma invenção.
As idéias de Martínez foram popularizadas muito mais tarde por Hunbatz Men (um pseudônimo de César Mena Toto), crente maianista (não confundir com maista), por José Argüelles e por outros autores contemporâneos sintonizados à mesma corrente de pensamento.
O SÍMBOLO USADO PARA HUNAB KU
Argüelles popularizou a Hunab Ku em seu livro de 1987: O Fator Maia. Entretanto, aos invés de utilizar o símbolo de Martínez, usou outro símbolo estilizado, tomado possivelmente do Códice Magliabecchiano, copiado e reproduzido por Zélia Nuttall em 1903, e que está baseado em um manuscrito colonial de origem mexicana (não Maia), da região central do México. A estilização feita por Argüelles, sem sustentação arqueológica, evoca os motivos de Yin-Yang ou de uma galáxia em espiral. Este símbolo tem sido adotado pela corrente maianista e tem se difundido tanto, que se encontra atualmente em desenhos de tapetes de artesãos da região central do México.
Apesar das afirmações de Argüelles e ainda de Martínez Parédez, não há nenhuma evidência arqueológica de origem Maia Pré-colombiana para documentar algum símbolo relacionado com Hunab Ku.

" Es importante saber el origen de las cosas. José Argüelles no llegó a conocer el trabajo REAL de la cultura maya tal y como se vive en Guatemala. No convivió en las aldeas hasta donde yo sepa. El Consejo de Ancianos Mayas, Tat Juan Camajá o Don Otto Orellana y muchos otros de sus miembros no han sabido del trabajo que hizo José Argüelles. No se trata de pelearse con nadie, desmerecer o criticar destructivamente. Se trata de que todos sepamos que es maya y que no lo es. Si el Calendario de las Trece Lunas elaborado por José Argüelles es útil o no para la evolución individual o colectiva le corresponde a cada uno saberlo. Ante todo debemos cimentarnos en el respeto a la vivencia de todos aquellos que optaron u optan por ese camino. SIn embargo, desde ese profundo respeto a la diversidad de senderos, en esta páginas buscamos caminar junto a un calendario conservado durante milenios en Guatemala por toda una cultura y sus gentes." Juan Carlos Romera Sales
Tradução Leslie Almeida