A PAZ E AS CRIANÇAS

Nascemos
em paz, mas esquecemos esta calma natural ao identificarmo-nos a
valores que não são nossos. Quando perdemos o contato com a terra, com o
céu, com a vida e queremos parecer-nos aos europeus e aos gringos,
acabamos estressados e preocupados em ser mulheres e homens de
“êxito”... Um tipo de “êxito” pelo qual talvez nossa mais íntima
essência nunca tenha se interessado.
Faz tempo que as culturas
ancestrais desses lugares foram engolidas pelo consumismo. Aquelas
pessoas sofrem aferradas a ideais que lhes impuseram. Essa distorção
cega a percepção do presente e bloqueia o sentir, o coração. Onde estão
os valores que nos fazem humanos? Isto é, onde está a paz e a
fraternidade que nos concede a consciência? Está esquecida, negada e
reprimida.
Mentimos às
crianças. As enganamos e transferimos a elas nossas crenças em um mundo
artificial. Damos-lhes a televisão, programas infantis onde lhes são
impostas imagens de “êxito”. Muitos o fazem na melhor das intenções, sem
perceber que estamos deixando que os “outros” as hipnotizem.
Se isto continuar assim, nos encaminharemos a um lugar estranho, incerto
e onde o humano cada vez mais será raro. Permitir que isto aconteça é
normal entre os seres humanos que permanecem sob as correntes desse
sonho narcótico-consumista. Mas o que me surpreende é ver a muitos que
começaram a despertar, permitirem que isso ainda aconteça e NÃO FAZEREM
NADA. Apenas afirmando e continuando indolentes em direção a algo
denominado ESCRAVIDÃO CONSENTIDA.
Outros se enfurecem,
protestam e ficam violentos. Odeiam os “maus” e não percebem que assim
somente aumentam o veneno. Seguem sem ver a PAZ em seu interior. Lutam
contra um fantasma à partir de um lugar equivocado. Poderão chegar a
conseguir algum resultado, mas o sofrimento que carreiam consigo deixa
uma conquista meia-boca.
Voltemos a ser crianças no coração,
com aquela PAZ que nos pertence. No começo, despertar parece um grande
esforço. Com o tempo é sentido como um prazer. O pântano do qual
sairemos será reconhecido e nunca mais poderá aprisionar-nos. E o melhor
de tudo: você se sentirá forte para estender a mão àqueles que querem
sair dessa loucura.
texto: Juan Carlos Romera Sales
tradução: Leslie Almeida
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