quinta-feira, 4 de abril de 2013

A PAZ E AS CRIANÇAS

Nascemos em paz, mas esquecemos esta calma natural ao identificarmo-nos a valores que não são nossos. Quando perdemos o contato com a terra, com o céu, com a vida e queremos parecer-nos aos europeus e aos gringos, acabamos estressados e preocupados em ser mulheres e homens de “êxito”... Um tipo de “êxito” pelo qual talvez nossa mais íntima essência nunca tenha se interessado.

Faz tempo que as culturas ancestrais desses lugares foram engolidas pelo consumismo. Aquelas pessoas sofrem aferradas a ideais que lhes impuseram. Essa distorção cega a percepção do presente e bloqueia o sentir, o coração. Onde estão os valores que nos fazem humanos? Isto é, onde está a paz e a fraternidade que nos concede a consciência? Está esquecida, negada e reprimida.

Mentimos às crianças. As enganamos e transferimos a elas nossas crenças em um mundo artificial. Damos-lhes a televisão, programas infantis onde lhes são impostas imagens de “êxito”. Muitos o fazem na melhor das intenções, sem perceber que estamos deixando que os “outros” as hipnotizem.

Se isto continuar assim, nos encaminharemos a um lugar estranho, incerto e onde o humano cada vez mais será raro. Permitir que isto aconteça é normal entre os seres humanos que permanecem sob as correntes desse sonho narcótico-consumista. Mas o que me surpreende é ver a muitos que começaram a despertar, permitirem que isso ainda aconteça e NÃO FAZEREM NADA. Apenas afirmando e continuando indolentes em direção a algo denominado ESCRAVIDÃO CONSENTIDA.

Outros se enfurecem, protestam e ficam violentos. Odeiam os “maus” e não percebem que assim somente aumentam o veneno. Seguem sem ver a PAZ em seu interior. Lutam contra um fantasma à partir de um lugar equivocado. Poderão chegar a conseguir algum resultado, mas o sofrimento que carreiam consigo deixa uma conquista meia-boca.

Voltemos a ser crianças no coração, com aquela PAZ que nos pertence. No começo, despertar parece um grande esforço. Com o tempo é sentido como um prazer. O pântano do qual sairemos será reconhecido e nunca mais poderá aprisionar-nos. E o melhor de tudo: você se sentirá forte para estender a mão àqueles que querem sair dessa loucura.
texto: Juan Carlos Romera Sales
tradução: Leslie Almeida

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